PANDEMIA DIFICULTA A ECONOMIA CEARENSE E AUMENTA CENÁRIO DE INCERTEZAS

UM ANO APÓS O PRIMEIRO DECRETO DE SUSPENSÃO DE ATIVIDADES NO CEARÁ, ESTADO VOLTA A VIVER O DRAMA DE PARAR NOVAMENTE AS ATIVIDADES ECONÔMICAS

N o dia 15 de março de 2020, o Ceará registrou os três primeiros casos de infectados pelo coronavírus no estado. As pessoas haviam feito uma viagem para o exterior e, ao retornaram, testaram positivo para o vírus. A partir disso iniciaram-se estatísticas constantemente atualizadas a respeito da situação vivida tanto na capital, Fortaleza, como nos demais municípios cearenses.

No dia 26 de março o número de infectados já chegava a 238, sendo a maioria na capital do estado. Com os elevados índices, o Ceará ocupou o terceiro lugar entre os estados que mais possuíam casos de coronavírus, ficando atrás apenas de São Paulo e Rio de Janeiro, que são mais populosos.

A primeira paralisação das atividades no Ceará foi anunciada no dia 19 de março, feriado de São José, através de uma transmissão realizada pelo governador Camilo Santana. Durante o anúncio, ficou determinado que todos os estabelecimentos deveriam ficar fechados, com exceção dos considerados essenciais, entre eles farmácias, supermercados, hospitais e clínicas veterinárias.

No primeiro momento, o decreto deveria valer até o dia 29 de março, quando esperava-se um retorno gradativo às atividades. No entanto, a medida seguiu sendo prorrogada semana após semana e o plano de retomada só começou a ser seguido no dia 1 de junho, com o início da fase de transição. Após quase três meses de isolamento, a população cearense começou aos poucos a voltar para as ruas, vivendo a expectativa de avançar com o plano sem precisar ter uma nova paralisação.

Apesar do plano de retomada, os impactos da paralisação já podiam ser vistos no estado do Ceará. Em um levantamento feito pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresa (SEBRAE), apontou que mais de 15 mil micro e pequenas empresas não retomariam a funcionar, representando 3% das empresas que participaram da pesquisa.

Já um levantamento divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrou que o Ceará bateu recorde de desemprego no ano de 2020, finalizando com uma taxa de 13,2%. Quanto ao nível de ocupação no estado, dado que indica a porcentagem de pessoas em atividade em relação a população com idade para trabalhar, o Ceará apresentou uma taxa de 43,5%, ou seja, menos da metade da população esteve ocupada no ano passado.

OS IMPACTOS DO CORONAVÍRUS NA ECONOMIA CEARENSE

O estudo Efeitos da Covid sobre as Vendas do Varejo Cearense em 2020: uma Análise Comparativa com o Brasil, realizada pelo Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece) revelou que no ano passado as vendas do comércio no varejo comum e ampliado no estado foram impactadas pelas medidas adotadas pelo governo com o objetivo de conter os avanças do coronavírus. Os maiores impactos puderam ser vistos nos meses de abril e maio quando foram registradas quedas de 34,8% e 30,7%, no varejo comum, e de 35,9% e 38,1%, no varejo ampliado, respectivamente.

Apesar disso, a partir de junho de 2020, quando o comércio voltou a atuar no estado, registrou-se uma recuperação no varejo cearense, que conseguiu apresentar variações positivas até dezembro do mesmo ano. No entanto, mesmo após a recuperação, não foi possível impedir que o Ceará registras[1]se a maior queda nas vendas do varejo comum nacional. Já no varejo ampliado, o estado terminou o ano apresentando a quarta maior queda entre os 27 estados brasileiros.

O motivo dessas colocações pode ser atribuído ao fato de que apenas quatro atividades conseguiram apresentar altas de vendas até dezembro de 2020. Foram elas: material de construção, +5,8%, equipamentos e materiais de escritório, informática e comunicação, com +5,0%, hipermercados e supermercados, +3,8%, e hipermercados e supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumos, +1,8%.

Entre as atividades que apresentaram as maiores quedas estão: vendas de tecidos, vestuário e calçados, -22,6%, eletrodomésticos, -21,8%, livros, jornais, revistas e papelaria, -19,0%, móveis e eletrodomésticos, -15,8%, e combustíveis e lubrificantes, -11,1%.

SETOR SUPERMERCADISTA NO CEARÁ

De acordo com o Índice Nacional de Vendas da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), o setor supermercadista finalizou o ano de 2020 acumulando alta real, deflacionada pelo IPCA/IBGE, de 9,36% entre janeiro e dezembro, quando comparado com o mesmo período no ano anterior.

De fato, os supermercados não pararam durante todo o período de pandemia, mas também não significa que não foram impactados pelo contexto. Primeiro, foi necessário desenhar uma grande logística para manter os abastecimentos nas prateleiras das lojas em todo o país, assim como adotar protocolos rígidos para garantir a segurança de colaboradores e clientes.

A falta de matéria-prima também ocasionou o aumento do preço de produtos nas glândulas, o que impactou diretamente na compra final do consumidor, que precisou fazer alguns cortes para que as compras coubessem no orçamento. Além disso, para a economia girar todos os setores precisam funcionar plenamente, o que não ocorreu durante muitos meses no ano de 2020.

Com a alta de demissões e fechamentos de empresas, o setor supermercadista também precisou se reinventar para seguir atendendo o público da melhor maneira.

Para o presidente da Associação Cearense de Supermercados, Nidovando Pinheiro, os supermercados também foram impactados pelas mudanças que a COVID-19 trouxe para a economia e deve continuar reverberando durante os próximos meses. “ O impacto econômico vai ser muito grave. A gente, mesmo sendo essencial, temos tido esse cuidado de permanecer com os postos de trabalho, porque precisamos garantir que as pessoas tenham o alimento. Então, temos conversado muito com a indústria para não deixar faltar produtos, estamos tendo esse cuidado junto com todos para não deixar que essa cadeia de produção e de abastecimento prejudique o consumidor.”, afirma o presidente.

Um dos principais pontos para que o os supermercados não fossem tão prejudicados economicamente foi o auxílio emergencial, que ajudou as pessoas a suprirem suas necessidades básicas durante o ano passado e espera-se que volte a ser distribuído durante o ano de 2021. “[…] a gente teve um incremento quando foi divulgado o primeiro auxílio emergencial e várias famílias receberam. Então assim, ficamos na perspectiva de sair um novo auxílio, que eu acho que vai ajudar muito as famílias, principalmente pessoas de baixa renda, pessoas que perderam os postos de trabalho”, ressaltada Nidovando.

O presidente também apontou que o auxílio foi essencial para manter o padrão de vendas dentro dos supermercados durante o ano passado, e, agora em 2021, já tem sido possível perceber uma baixa nas vendas após as parcelas ofertadas pelo governo terem acabado.

NOVA PARALISAÇÃO

No dia 04 de março de 2021, o governador Camilo Santana anunciou que a cidade de Fortaleza entraria em um novo isolamento social rígido, sendo permitido apenas o funcionamento dos serviços essenciais até o dia 18 de março. No entanto, antes do final do decreto, o governo anunciou que ele seria prorrogado por mais alguns dias, estendendo-se também às demais cidades do estado.

Não se sabe ainda como a economia vai reagir diante de uma nova paralisação, mas o cenário de incerteza se está instaurado, mostrando que um longo caminho precisará ser percorrido para recuperar a situação econômica.

O presidente da Acesu, Nidovando Pinheiro, também ressalta a preocupação e os trabalhos para possibilitar que o setor continue atuando e servindo a população. No momento, tem-se preocupado em trabalhar junto a outros órgão para passar as orientações necessárias para os supermercadistas e também garantir que as lojas estejam de acordo com as recomendações para não enfrentarem problemas com as fiscalizações, que hoje vão desde as lojas de pequeno porte até as grandes redes que atuam no estado.

Nidovando também aponta a preocupação em garantir a saúde dos clientes e colaboradores. “Precisamos ter esse cuidado no protocolo sanitário para que o cliente seja atendido e ele não saia da nossa empresa com nenhum tipo de contaminação. Nossa preocupação também, hoje, é muito grande com nossos colaboradores. A gente tem uma preocupação de verificar a temperatura na hora que ele chega, como é que ele está, se ele tem sentido alguma coisa, se tem tido alguém em casa com alguns sintomas, etc. Então, nossa preocupação maior tem sido essa, cumprir todos os protocolos sanitários que são exigidos pelos órgãos do Estado”, conclui.

Por Nidovando Pinheiro Presidente da Acesu

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