LIDERANÇAS MIOJO E A INOVAÇÃO
Vamos logo definir o que tratamos por inovação: qualquer produto, serviço ou experiência que gere nota fiscal é considerado inovação; portanto, inovação tem que gerar venda! Simples assim… E inovar não é inventar; inovações bem sucedidas são, em sua maioria, oriundas do constante processo de observação em fazer algo melhor, mais rápido ou mais barato do que já é proposto no mercado. Empreendedor não é inventor, mas inovador.
Muitos confundem inovar com inventar. Como Joseph Schumpeter (idealizador do conceito destruição criativa) ensinava, o ato de inovar é “fazer coisas que não são geralmente feitas em vias normais da rotina do negócio”. Sendo assim, por diversas vezes, a inovação ocorre por intermédio de um breve e atento ato de observação.
Um desses exemplos diz respeito a uma lanchonete, ao perceber que seus clientes reclamavam da demora do seu principal produto: um combinado de um sanduíche especial e exclusivo, acompanhado de uma porção de batatas fritas e um refrigerante.
O problema detectado era que as batatas ficavam fritas bem antes do sanduíche especial. Como, então, acelerar a confecção do sanduíche?
Para diminuir as reclamações, o empreendedor decidiu servir logo, assim que prontas, as batatas fritas e o refrigerante, enquanto o sanduíche especial era terminado da melhor forma. A constatação final foi de que o número de reclamações diminuiu de forma bem satisfatória. Qual o segredo? Ora, as batatas fritas passaram a ser consideradas como entrada para o sanduíche especial.
Esse novo procedimento fez com que boa parte dos clientes acabasse por pedir mais de um refrigerante, pois a maioria já havia consumido o primeiro, juntamente com as batatas fritas, que chegaram antes do sanduíche especial.
Esse exemplo nos mostra que a qualidade do serviço foi melhorada, atendeu a expectativa do cliente, sem haver o aumento de custos, tampouco o tempo de atendimento foi alterado negativamente, pois, o tempo de preparação das batatas fritas e do sanduíche especial continuaram os mesmos.
O mais interessante desse exemplo foi que ainda houve um acréscimo nos lucros, em virtude da possibilidade do consumo de mais um refrigerante a cada pedido.
Muito bem, mas o que seria a Nova Inovação? Nova Inovação é um conceito que propõe a correlação entre gestão participativa e comprometimento organizacional. É a partir dessa correlação que surgem as lideranças que alcançam resultados exitosos.
Explicando melhor, realizei uma pesquisa científica que envolveu 363 gestores de empresas e entidades públicas. O resultado comprovou que a participação dos gestores viabilizava o entendimento do que deveria ser feito, ou seja, dos resultados a serem alcançados para o êxito do negócio. Esse entendimento necessitava da aceitação consensual, portanto, do consenso para realizar o planejado. A partir de então, estava consolidado o comprometimento organizacional. É daí que surgem as lideranças que “abraçam uma causa querida por todos”.
O que confirma meu argumento é defendido pelos autores James Kouzes e Barry Posner, quando afirmam: “liderança é a arte de mobilizar os outros para que estes queiram lutar por aspirações compartilhadas”.
Assim, resumimos a compreensão da pesquisa realizada:
- A gestão participativa provoca o entendimento do que deve ser feito.
- Esse entendimento precisa da aceitação consensual de todos os responsáveis pelo o que deve ser feito.
- Esse consenso gera comprometimento organizacional.
- O comprometimento organizacional é fonte para estimular o surgimento de lideranças que concluam o que deve ser feito.
- Essas lideranças compõem times que trabalham orientados em “lutar por aspirações compartilhadas”.
Mas o que seriam as lideranças “miojo”? Ora, as lideranças miojo surgem da credibilidade de empresários que imaginam na capacitação de lideranças que encontram soluções instantâneas para conduzir times e propor inovações. Creem que a capacitação dessas lideranças funciona igual ao preparo de miojo, sem considerar que o tal miojo até conforta o estômago, “ilude a fome”, mas é pobre em nutrientes.
Por fim, constato que lideranças não emergem segundo regras lógicas ou previsíveis. Líderes não são produto de um processo planejado, nem racionalmente constituído. O líder é uma emergência natural do grupo a que pertence.