PRINCIPAIS IMPACTOS ECONÔMICOS NESSE 1 ANO DE PANDEMIA NO BRASIL
Completamos recentemente a marca de 1 ano enfrentando a pandemia ocasionada pela Covid 19 no Brasil, essa crise deixou e continua deixando marcas profundas na nossa sociedade e economia, pois bem, quais foram os principais impactos econômicos nesse último ano no Brasil?
PANORAMA
Diante do distanciamento social obrigatório, com intuito de diminuir a velocidade de contaminação e não sobrecarregar a rede de saúde pública até o tratamento adequado ou vacina serem formuladas, para isso todas as atividades que não são classificadas como essenciais precisaram ser pausadas, principalmente as que envolvem a interação presencial, em muitos setores de Indústrias, Comércios e Serviços.
Porém alguns setores acabaram se beneficiando não só do aumento de vendas mas da aceleração da mudança nos hábitos de consumo, principalmente os do meio digital, com a população sendo obrigada a permanecer em casa, serviços como Streaming, Delivery, Varejo Online.
A população como um todo sofreu bastante, muitos foram os impactos, porém vamos falar de números e listar as principais medidas tomadas pelo governo e seus efeitos econômicos.
DESEMPREGO
Por medidas de viabilidade financeira dos negócios, houve um aumento expressivo do desemprego no país conforme IBGE, passamos de uma situação de 11,00% de desempregados até atingir o pico de 14,60% da população durante o terceiro trimestre de 2020.
ESTÍMULOS FISCAIS E A INFLAÇÃO
O governo tomou como medi[1]da injetar dinheiro na economia para estimular o consumo, acolher as famílias desamparadas e oferecer crédito para as micro, pequenas e médias empresas. Um volume de recursos nunca visto antes na História tanto no Brasil quanto nas economias mais desenvolvidas, obviamente que essa impressão de dinheiro tem consequências, uma delas é a inflação, pelo simples fato de muitos consumidores querendo comprar enquanto a produção permanece constante ou menor, gerando um aumento de preço, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) registrou alta de 5,20% nos últimos 12 meses. Algo que maximiza esse efeito é uma memória recente do brasileiro em relação a hiperinflação, o que causa uma corrida aos supermercados para adquirir e estocar produtos, aumentando ainda mais o consumo no curto prazo e consequentemente a inflação.
Outro fator importante é a desvalorização da nossa moeda frente ao dólar (29,22% de alta do dólar em 2020 respectivamente), com o cenário incerto de forma global, o capital do investidor estrangeiro saiu do Brasil para buscar uma alocação sólida e de menor risco. Sendo assim, os insumos e produtos de origem importada sofreram uma forte apreciação nos preços.
AUMENTO DA DÍVIDA PÚBLICA
A dívida pública brasileira em relação ao PIB se acentuou fortemente, chegando ao patamar atual (jan/2021) de 89,72% do PIB. O déficit primário do governo central em 2020 foi de R$743,1 bilhões, ante R$95 bilhões em 2019, segundo o IPEA. A quase totalidade do aumento é explicada pelo impacto direto da pandemia no orçamento, dos quais R$620,5 bilhões foram direcionados para mitigar os efeitos da Covid-19, a diferença de R$122 bilhões seria o déficit primário de 2020 excluindo os impactos da pandemia.
QUEDA DA ATIVIDADE ECONÔMICA
O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) reflete as atividades da indústria, dos serviços e agropecuária, atingindo uma região de valo[1]res próximos às enfrentadas na nossa última crise ao decorrer de 2015 e 2016 com o impeachment da Ex-Presidente Dilma e as pedaladas fiscais.
ONDE ESTAMOS E QUAL O FUTURO DO BRASIL?
Com o retorno da segunda onda, e novas medidas de lockdown nas principais regiões metropolitanas do país, o senso de urgência do Governo em vacinar a população se acelera, tendo em vista a não possibilidade de repetir os estímulos fiscais realizados em 2020, sendo também muito mais barato e menos danoso a vacinação imediata do que o aumento da dívida pública, inflação e riscos fiscais.
Como já estamos mais habituados com a doença e a infraestrutura de saúde brasileira apesar de ainda ser insuficiente, está mais bem preparada para enfrentar o momento atual, o risco de volatilidade nos mercados está menor, o grande questionamento é como o governo realizará as reformas necessárias para trazer equilíbrio fiscal e melhores perspectivas econômicas.
Por Matheus Mavignier Ramos, Sócio e Assessor de Investimentos da Conceito / XP Investimentos e Head de Operações Estruturadas, ampla experiência em Renda Variável e Assessoria de Clientes Private.