Fim do ciclo de alta da Selic? Como investir na renda fixa agora
A continuidade da guerra na Ucrânia e da política contra a covid na China pioram problemas nas cadeias globais de produção e pressionam o preço de commodities. Como resultado, tornam o cenário global para o combate da inflação mais desafiador.
Contudo, ainda que essas duas incógnitas tenham elevado incertezas sobre as projeções para a Selic nas últimas semanas, a maior probabilidade dentre os cenários dos economistas ouvidos pelo Boletim Focus é que a taxa básica de juros encerre o ano a 13,25%. Ou seja, o ciclo de alta da Selic, caso não se encerre hoje, está, certamente, perto do fim.
Atualmente em 11,75% ao ano, a expectativa é de que o Copom aumente a taxa básica de juros em 1 ponto porcentual, para 12,75% ao ano, ao final da reunião desta quarta-feira, 4. “O mercado ficará atento sobre se o Copom vai indicar mais 0,5 ponto porcentual de aumento na próxima reunião, se vai deixar em aberto qual será a próxima alta ou se irá, de fato, encerrar o ciclo de alta dos juros nesta reunião” diz Kiki Knudsen, analista e gestor da Vitreo.
Mas mais importante do que o término do ciclo de alta da Selic, é quando os juros voltarão a cair, complementa o analista. Em 2023 a expectativa é de que a taxa comece a cair e encerre o ano a 9,25%. No entanto, se analisada a mediana das 5 instituições que mais acertam no longo prazo, a Selic para 2023 ficará em 11,25%, segundo analistas do BTG Pactual.
Nesse cenário, onde é melhor investir na renda fixa? Veja abaixo o que dizem os especialistas:
Títulos prefixados com vencimento em 2025
O prêmio relativamente baixo dos títulos prefixados com vencimento em prazos longos versos os títulos com vencimento no curto prazo reforça a indicação do BTG de alocação em papéis com vencimento no curto e médio prazo.
Segundo analistas do banco, há oportunidades atrativas nos títulos prefixados curtos em função do prêmio existente na curva em 2023 e 2024. A visão é reforçada por Knudsen, da Vitreo, “Na curva de juros em janeiro de 2025 a taxa está em 12,20%”.
Nos títulos mais longos o prêmio talvez seja maior, mas o risco também é mais alto, especialmente por conta do risco fiscal do país, explica o analista. “Portanto, o melhor risco e retorno atualmente é encontrado em títulos prefixados, vendidos pelo Tesouro Direto, com vencimento em 2025.”
CDBS com vencimento em 12 a 24 meses
Outra forma de capturar rendimentos proporcionados pelo nível mais elevado da Selic é aplicar em Certificados de Depósito Bancário (CDBs) com prazo de 12 e 24 meses.
Além de garantidos pelo FGC, o vencimento em dois anos é o mais adequado para pessoas físicas, pois permite pagar menos IR no resgate, diz Knudsen. Para vencimentos maiores do que dois anos, já é possível pagar a alíquota mínima, de 15%.
Títulos indexados à inflação de médio e longo prazo
Papéis atrelados à inflação são atrativos em momento de juros reais alto e inflação potencialmente elevada no curto prazo. Contudo, Knudsen não indica adquirir títulos de curto ou médio prazo, pois no nível mais alto da Selic não é possível capturar uma alta dos preços em prazos mais curtos. “O maior rendimento da inflação ficou para trás.”
O mais recomendável agora, portanto, é buscar títulos Tesouro IPCA com vencimento em 2030 e 2035, que garantem atualmente uma taxa de 5,68% além da alta dos preços. “É uma boa taxa, considerando que há dois anos esses títulos pagavam 4% a 3% acima da alta dos preços.”
Crédito privado triple A
Para quem deseja ter um rendimento maior do que o oferecido por títulos do Tesouro Direto, as debêntures são uma opção.
Contudo, para pequenos investidores, o foco deve ser adquirir títulos de empresas com bom risco de crédito, o chamado triple A. Esses títulos são emitidos por grandes companhias, como a Vale e a Petrobras.
Para esses títulos, analistas do BTG Pactual começam a ver uma relação risco-retorno atrativa, tanto no mercado primário como no secundário.
Fonte: Exame