Atacarejo cresce 15,9% em faturamento no 1T de 2022
Dados apresentados pela ABAD mostram resultados referentes ao mercado de consumo de bens de alto giro.
Desemprego, inflação e a alta de juros estão entre os principais vilões da economia brasileira em 2022. Com a retração econômica resultante da pandemia, o cenário macroeconômico do país vive um momento de incertezas internas, com a inflação em alta, e externas, uma vez que a guerra na Ucrânia tem impactado o preço de
commodities. Diante do cenário conturbado, o poder de compra das famílias brasileiras têm se tornado mais baixo e influenciado o consumo de bens e serviços.
De acordo com dados divulgados pela Associação Brasileira de Atacadistas Distribuidores (ABAD), em parceria com a NielsenIQ, o resultado médio dos canais de venda de produtos mercearis e de farma-cosméticos no varejo, que em boa parte são atendidos pelo atacado distribuidor, sofreram uma retração de -8,5%, no acumulado do ano em março. Apesar da retração, os canais apresentaram em volume um crescimento de 2% no primeiro trimestre deste ano em comparação ao mesmo período no ano anterior.
O destaque foi para o atacarejo (também chamado cash&carry ou atacado de autosserviço), que apresentou um crescimento de 15,9% em faturamento. Também mostraram crescimento relevante em faturamento os supermercados grandes, entre 1.001m² e 2.500m² (10,9%), os pequenos supermercados pertencentes a redes (9,3%) e as redes de farmácias (8,9%).
O atacado de autosserviço e as redes de farmácias foram os únicos formatos que, além do resultado positivo em faturamento, tiveram também crescimento em volume: 1,1% e 4,2%, respectivamente.
Já o pequeno e médio autosserviço independente, isto é, não pertencente a nenhuma grande rede, sofreu retração de -4,4% em faturamento e -15,6% em volume, enquanto o varejo tradicional recuou -1,2% em faturamento, apesar de ter crescido 1,5% em volume.
Em relação ao atacarejo, Daniel Asp, gerente de Business Intelligence da NielsenIQ, comenta sobre alguns fatores que podem ser determinantes dentro das estratégias do setor. “Enquanto a gente ainda tiver um cenário inflacionário e de maior nível de desemprego, a gente vai ter um consumidor buscando por melhores condições. Obviamente que isso é uma questão de custo benefício de distância, ou seja, o quanto eu estou disposto a me deslocar para fazer uma compra em um canal com esse. Esse é um setor que vai se tornando cada vez mais competitivo entre eles, com uma abertura mais intensa de lojas, começa a ter uma competição maior entre os atacados de autosserviço. O que a gente precisa acompanhar é como vai se dá esse cenário concorrencial, como as empresas vão continuar atuando na sua
composição dos custos, porque é isso que, no final do dia, faz com que tenha um menor preço na ponta”, explica.
Expectativas de crescimento
Ainda que no acumulado do mês de março a retração tenha sido de 8,5%, já é possível notar uma melhora em relação aos meses anteriores. Em janeiro, a queda do indicador havia sido de -11,6% e de -10,6% em fevereiro. Ou seja,
gradativamente as perdas estão diminuindo e viabilizam um olhar mais positivo para os próximos meses. Segundo o presidente da ABAD, o atacado distribuidor também trabalha com essa expectativa: “A ABAD está projetando um crescimento em torno de 2% para o setor em 2022”, aponta Leonardo Severini.