MINIMERCADOS EM CONDOMÍNIOS VIRAM TENDÊNCIA E ATRAEM INVESTIMENTOS
Modelo pode gerar R$ 35 bilhões em todo o país e grandes players já se estruturam para entrar no mercado
Impulsionado pela pandemia da Covid-19, os minimercados dentro de condomínios foram se tornando uma tendência no Brasil, abrindo possibilidades para um novo modelo de negócios com o objetivo de trazer mais comodidade, praticidade e segurança para os moradores, que passam a ter a oportunidades para repor as prateleiras, ou suprir necessidades emergenciais, sem precisarem fazer grandes deslocamentos.
“O que tem gerado esse aumento de mercadinhos em condomínio é a dinâmica desse ambiente condominial que se transformou nos últimos dois anos com as pessoas vivendo mais tempo nos condomínios, as famílias trabalhando em home office e as crianças estudando de casa. O minimercado é uma conveniência em todos os aspectos, inclusive considerando fatores de segurança. Há ainda a questão das altas nos combustíveis. O minimercado traz esse aspecto de conveniência na veia”, pontua Bruno Queiroz, gerente de Operações e Negócios da Cipa, administradora de condomínios e imóveis.
Para instalar uma operação dentro de um condomínio, é necessário estudar a potencialidade de consumo que o prédio oferece, levando em consideração o perfil dos moradores e a relação entre volume X mix que será demanda para manter a loja funcionando plenamente. Neste cenário, os condomínios maiores acabam tendo mais capacidade para gerar a demanda para as lojas, o que não impede que prédios residenciais menores também se adaptem ao modelo.
“É uma questão de ter disponível um espaço adequado coberto e com energia, de preferência em uma área de alto trânsito dos moradores, não é nada muito complexo. Como a solução é modulada, mesmo condomínios menores podem receber o projeto com mix reduzido na gôndola.”, explica Bruno.
Com a maior procura pelo modelo nos últimos dois anos, a implantação de minimercados em condomínios ainda pode encontrar alguns desafios. Entre eles está o modelo de honest market — “mercado honesto”, em tradução literal — , que, basicamente, é um formato de autosserviço, onde o próprio morador realiza suas compras e faz o pagamento, sem intermediação de um funcionário. Outro desafio envolve a parte logística do negócio, que precisa manter um alto nível de serviço e preço adequado na ponta.
Apesar dos desafios, comuns a qualquer empreendimento, o segmento de minimercados em condomínio apresenta boas projeções. Dados da Roda, uma das principais operadoras de mercadinhos do Rio de Janeiro, mostram que, em termos nacionais, o modelo pode gerar R$ 35 bilhões em todo o país.
Para Bruno, a tecnologia está entre as principais aliadas para esse sucesso ocorrer. “Boa parte dos minimercados para condôminos já nascem com tecnologia empregada, na questão do pagamento e na inteligência de ressuprimento. Acredito que os apps que muitas já oferecem podem ganhar mais robustez de entrega a médio prazo, considerando um ambiente interativo com o consumidor. Quem sabe com compras pelo App com agendamento de retirada no minimercado de produtos fora do mix padrão da loja. Há ainda a possibilidade de existirem lojas plugadas onde os moradores possam anunciar seus produtos pelo App fazendo parte do mix variável ou fixo do minimercado. Pode haver uma seção de produtos caseiros. Em se tratando de tecnologia e varejo, de fato, o céu é o limite.”
Com investimentos iniciais sendo feitos em grande maioria pelas startups, agora que o modelo já se consolida a concorrência deve aumentar e atrair a entrada de grandes players do mercado. “O mercado foi explorado inicialmente pelas startups, porém, o futuro deve ser de grandes players do varejo e da conveniência. Já observamos movimentos das grandes redes do segmento entendendo como se posicionar e participar deste nicho. Resta saber como será a convergência desses grandes players com as startups que já estão no negócio. O fato é que existe muito campo para que haja um crescimento robusto desse segmento nos próximos cinco anos”, finaliza Bruno.
Por Letícia Lavor