INDÚSTRIA E VAREJO: INTEGRAÇÃO, COOPERAÇÃO E NOVAS TECNOLOGIAS
Processo de compra e venda passa pelos desafios da transformação digital, apontando para a necessidade de um trabalho conjunto entre os dois setores.
Pensar na Indústria e no Varejo de forma separada é quase impossível. Enquanto na indústria se concentram as grandes cadeias de produção, é no varejo que o consumidor final tem acesso às inovações. Dessa forma, o trabalho entre os dois setores é feito de maneira conjunta para atender as demandas mercadológicas.
Se a indústria e o varejo já caminham juntos há bastante tempo, essa união entre os dois tornou-se ainda mais intensa com os avanços tecnológicos. Assim como o mundo passou por transformações significativas a partir do desenvolvimento de novas tecnologias, as relações de mercado também se reestruturaram para atender às novas demandas de consumo.
Entre essas transformações, os conceitos de Indústria 4.0 e varejo do futuro saíram da teoria e passaram à prática, fazendo com que a maneira de enxergar não apenas o funcionamento separado deles, mas como trabalham em conjunto, ganhasse uma nova perspectiva. Afinal, o futuro chegou, e as tecnologias estão à disposição para tornar o mercado mais dinâmico, assertivo e cooperativo.
Indústria 4.0
A Indústria 4.0, também conhecida como 4a Revolução Industrial, é utilizada para apontar o novo comportamento do setor industrial partindo da aplicação de tecnologia para potencializar os processos de produção a partir de mecanismos de inteligência artificial que permitam o gerenciamento de dados e utilização de sistemas integrados.
Com essa automação possibilita, a entrega de resultados passa a funcionar de forma mais eficiente, customizada e inovadora. Ou seja, a Indústria deixa de realizar apenas tarefas mecanizadas, e passa a estudar diretamente o mercado e aplicar novas metodologias para suprir as demandas que também se transformam constantemente.
Tendo esta visão, dentro do conceito de Indústria 4.0, antes mesmo de voltar a atenção para aumentar a produção, contratar novos funcionários ou mesmo ampliar os maquinários, é necessário que o setor industrial busque implementar rotinas de gestão e produção baseada em tecnologias como a inteligência Artificial, robótica e Computação em Nuvem.
Os benefícios trazidos por essas tecnologias podem impactar diretamente no desempenho de muitos negócios. De acordo com dados do programa-piloto Indústria Mais Avançada, executado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), a implementação de tecnologias digitais aumentaram em média 22% a capacidade produtiva de micro, pequenas e médias empresas. Entre elas se destacaram os negócios com atuação nos ramos de alimentação e bebidas, metalmecânica, moveleiro, vestuário e calçados.
Varejo do futuro
Caracterizado pela digitalização dos negócios a partir das tecnologias aplicadas, o varejo do futuro permite aos usuários novas experiências de consumo. Para além de promover essa experimentação, o varejo busca entender os consumidores para transformar a jornada de compra, que começa muito antes da busca pelo produto em si.
“O varejo vem entendendo cada vez mais seus consumidores, observando as constantes evoluções nos hábitos de compras pelos shoppers, passando a gerir com mais eficácia seus estoques e diversidade de mix, gerando por sua vez demandas mais específicas de mix para a indústria, com reposições mais estratégicas e direcionadas aos diversos modelos de negócios”, destaca Diogo Barbosa, gerente comercial da São Braz Indústria de Alimentos.
“ A relação entre indústria e varejo está cada vez mais próxima, através de ferramentas de gestão desenvolvidas que agregam na solução dos principais indicadores […]”
Diogo Barbosa – Gerente comercial da São Braz Indústria de Alimentos
Com o olhar mais direcionado ao consumidor, a experiência do usuário é um fator determinante na escolha de compra, sendo os canais que trazem maior praticidade e segurança aqueles que mais atraem os clientes.
Um outro ponto de diferenciação é a eficiência na entrega dos produtos. Em um estudo realizado pelo Capterra, plataforma de comparação de softwares, que estudou o comportamento do consumidor, 56% dos entrevistados afirmaram que a satisfação com uma loja é muito influenciada pelo serviço de entrega. Já na escolha por um fornecedor, 64% afirmaram que o tempo de entrega é um diferencial, apontado mais uma vez para a importância da integração entre indústria e varejo para suprir as demandas velozes da era digital.
Integração entre indústria e varejo
Com tantas tecnologias à disposição, o processo de compra e venda entre indústria e varejo também enfrenta a modernização para passar a se adaptar à realidade do mercado.
“Com os diversos avanços tecnológicos, a relação entre indústria e varejo está cada vez mais próxima, através de ferramentas de gestão desenvolvidas que agregam na solução dos principais indicadores de gestão no ponto de vendas, estoque, perdas, fluxo de produtos e vendas, bem como no investimento do capital humano, agregando ao time de colaboradores capacitação necessária na utilização dos recursos disponibilizados”, coloca Diogo.
“Manter os meios online evidenciados, chegando cada vez a mais consumidores com mix personalizado, com certeza irá otimizar a relação indústria /varejo.
Diogo Barbosa – Gerente Comercial da São Braz Indústria de Alimentos
Dessa forma, a integração entre a cadeia, consiste não apenas em atender as necessidades e desejos de compra dos consumidores, mas também observar os hábitos de consumo deles, com o objetivo de antecipar as novas tendências e superar as expectativas.
Para Diogo, com o bom relacionamento saudável entre indústria e varejo, todos são beneficiados. “[…]fortalece o setor, a economia e maximiza resultados, o que reflete diretamente no consumidor final, que por sua vez aumenta seu nível de satisfação e atendimento de suas necessidades”, pontua o gerente comercial.
Transformações no setor supermercadista
O crescimento do e-commerce nos últimos anos foi bastante impulsionado pela pandemia da Covid-19, que influenciou o aumento das compras pela internet, uma vez que os consumidores não podiam se deslocar até as lojas físicas. No setor supermercadista, sempre foi mais comum que os consumidores se deslocassem até as lojas para a realização de compras, no entanto, essa também foi uma realidade que sofreu os impactos do avanço do comércio eletrônico.
Entre março de 2020 e julho de 2021, houve 900% de aumento na receita das vendas online de supermercados, e de 817% no número de pedidos, é o que aponta um levantamento da Linx, a partir de informações da Mercadapp, especialista em e-commerce para supermercados. Com essa mudança no perfil de compra, não apenas o setor supermercadista precisou propor novas estratégias para atender o mercado, mas a indústria responsável por atender este segmento também encarou a necessidade de transformação.
Para Diogo, “com as mudanças e revoluções enfrentadas pelo setor recentemente, a utilização de ferramentas tecnológicas torna-se um importante aliado de vendas. Parte dos shoppers que não utilizavam deste meio, após experimentação, passaram a utilizar o E-commerce, que ganha importante fatia no setor. Manter os meios on-line evidenciados, chegando cada vez a mais consumidores com mix personalizado, com certeza irá otimizar a relação indústria / varejo”, destaca.
Entre as vantagens dessa otimização do relacionamento entre indústria e varejo, é possível destacar as vantagens na eliminação de rupturas, uma vez que os sistemas disponíveis podem auxiliar no acompanhamento correto dos produtos disponíveis, fazendo uma cobertura minuciosa para evitar que ao procurar algo na prateleira o cliente não encontre e acabe tendo sua jornada de compra comprometida. Além disso, a taxa de cobertura também se torna mais eficaz pois é possível ter uma visão macro e micro do mix de produtos, suprindo as demandas de maneira mais eficiente. Por fim, os custos também se tornam mais reduzidos ao evitar desperdícios, desistência de compra pela falta de produto e o investimento correto nos produtos que estão sendo buscados pelo consumidor, o que é possível entender a partir das ferramentas de coleta, análise de dados e tendências de consumo.