O QUE É ESG E O SEU IMPACTO NA RELAÇÃO DE RISCO E RETORNO DE SEUS INVESTIMENTOS
No mundo atual fica cada vez mais relevante a discussão de alguns temas no âmbito global, sendo debatido não apenas nas redes sociais pelo público geral, mas também ganhando destaque no mundo corporativo e fóruns econômicos globais. Indiscutivelmente, um dos temas que vem ganhando os holofotes é como as economias conseguem continuar progredindo em ritmos de crescimentos elevados, abordando temas de inclusão, sustentabilidade e transparência.
No mundo dos investimentos não poderia ser diferente. Vinte dentre as maiores instituições financeiras globais, com nomes relevantes como UBS, Credit Suisse, Goldman Sachs, Citigroup entre outras, se uniram para escrever um artigo chamado “Who Cares, Wins” no português “Quem se importa, ganha”. Esse artigo ficou mundialmente conhecido por introduzir os conceitos posteriormente conhecidos pela sigla em inglês “ESG”, e sua importância para a manutenção de portfólio sustentável no longo prazo.
Mas afinal, o que é “ESG”? A sigla em português pode ser reproduzida por “ASG” ou Ambiental, Social e Governamental. São conceitos envolvendo esses 3 âmbitos que criam um filtro no processo de escolha do portfólio de investimento, que pode priorizar empresas que tenham boas práticas englobando os três temas ou excluir por completo o investimento em instituições que não possuem processos definidos de impacto ASG.
Como observar boas práticas ambientais, sociais e governamentais vão me ajudar na relação risco retorno dos meus investimentos? Ao priorizar investir em empresas ASG, o investidor cria filtros que podem evitar eventuais passivos, como ações judiciais trabalhistas ou ambientais e escândalos de corrupção. Outro benefício obtido ao adotar esses filtros, é o de se certificar que a empresa possui processos sustentáveis que vão sobreviver às mudanças dos padrões de consumo e que já estão migrando para uma economia mais verde e inclusiva. Tal movimento tende a se intensificar cada vez mais ao decorrer dos próximos anos.
Na prática, seguem abaixo alguns exemplos de empresas diretamente impactadas pela falta da adoção dos princípios ASG em sua gestão:
– Ambientais: A empresa Braskem espera gastar mais de 1,6 bilhões de reais com despesas relacionadas ao afundamento de bairros nos arredores de sua fábrica em Maceió. (Valor Investe)
– Social: Nike e H&M são alvo de boicote pelo uso de mão de obra forçada no processo de fabricação de suas roupas. (O Globo).
– Governança: Ações da JBS caem cerca de 40% após escândalo de corrupção envolvendo o grupo controlador. (G1)
Dados divulgados pela plataforma de E-Commerce Mercado Livre apontam que entre os anos de 2017 e 2020, houve um aumento de 198% dos vendedores de produtos considerados sustentáveis e que a venda de produtos desta categoria aumentou 322% no mesmo período. Dados como esses mostram o quanto o consumidor da nova era digital vem se preocupando e priorizando o consumo de produtos com apelo sustentável.
Estudos apontam que empresas com foco em processos ASG tendem a criar valor para seus acionistas no longo prazo por se anteciparem a mudanças regulatórias, mudança nos padrões de consumo e redução de custos devido a otimização dos processos de produção, tornando-se assim, mais competitivas em seus setores de atuação.
Outro ponto importante a ser observado é o aumento da percepção de valor de uma marca pelos consumidores ao ser adotado processos ASG bem definidos, o que em algumas situações, é responsável por mais de dois terços do valor total de uma empresa.
Dito isso, ao adotar os filtros ASG em seu processo decisório, o investidor consegue mitigar a ocorrência de vários passivos, expondo-se a empresas que possuem processos sustentáveis e adaptadas as novas tendências mundiais, mantendo-se assim, competitivas. Com isso, é possível melhorar a relação de risco e retorno de seu portfólio de investimentos.
Rafael Gama, Sócio e Assessor na Conceito Investimentos Engenheiro de Produção Especialista de Investimentos ANCORD