Tudo o que você precisa saber sobre pró-labore
Entenda o que é e como colocar o conceito de pró-labore em prática no seu negócio
Você sabe o que é pró-labore? O termo tem origem no latim e significa “pelo trabalho”. Na prática, trata-se da remuneração que os sócios retiram da empresa como pagamento pelo trabalho que realizam ali. Parece simples na teoria, mas muitos ainda têm dúvidas sobre o assunto. A seguir, confira tudo o que você precisa saber a respeito do pró-labore e como colocá-lo em prática na sua empresa. As dicas são de Bruno Ricoy, analista do Sebrae-MG, e Marcelo Berloffa, conselheiro do Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo (CRC-SP).
1. Separe as finanças pessoais e profissionais
Tudo começa com uma atitude básica: separar suas finanças como pessoa física das finanças de sua empresa. Parece simples, mas muitos empreendedores até hoje não conseguem fazer esta distinção. “Não tem como pensar no pró-labore sem antes cuidar disso. Misturar as finanças gera confusão”, alerta Bruno Ricoy, analista do Sebrae-MG.
“Esta separação é imprescindível para o sucesso do negócio e está intimamente ligada com a definição do pró-labore. Não se atentar a isso pode levar à falência pela falta de controle”, complementa Marcelo Berloffa, conselheiro do Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo (CRC-SP).
2. Entenda quem recebe o pró-labore
Apenas os sócios que trabalham efetivamente na empresa devem fazer a retirada do pró-labore, ou seja, os sócios que têm funções e atividades dentro do negócio. Por tanto, pela própria definição do termo pró-labore (“pelo trabalho”), sócios que entraram apenas como investidores não recebem o pró-labore.
3. Calcule o pró-labore corretamente
Depois de separar finanças pessoais e da empresa e entender quais sócios devem receber o pró-labore, é hora de definir o valor da retirada de cada um deles. Para isso, você precisa ter clara qual é a função que o sócio desempenha no negócio. Que atividades são realizadas? Qual seria o nome desta função no mercado de trabalho? Uma vez identificadas as atribuições, pesquise o salário pago no mercado a profissionais que desempenham tal função. Por exemplo, se você atua como gerente administrativo da empresa, informe-se sobre quanto este cargo costuma ganhar. Com base nisso, você terá uma média de quanto deveria ser, idealmente, o seu pró-labore.
4. Faça as contas e conheça as finanças da empresa
Digamos que você descobriu que a média salarial paga no mercado a um profissional que desempenha as mesmas funções que você é de R$ 4 mil. Porém, isso não significa que você poderá retirar esse valor mensalmente do caixa como sua remuneração. Antes, é preciso olhar atentamente as finanças do negócio e entender se o pró-labore é condizente com seu faturamento e seus gastos mensais. Como empreendedor, é sua responsabilidade arcar primeiro com todos os custos para manter a empresa (entram aí, inclusive, os salários dos funcionários) e só depois olhar para seu pró-labore. Portanto, saiba que especialmente negócios em fase inicial podem não ter a capacidade de gerar caixa suficiente para o pró-labore esperado pelos sócios. Neste caso, é preciso esperar a empresa se estabelecer e ter maturidade suficiente para iniciar as retiradas.
5. Conheça seus gastos pessoais
Além de analisar quanto o mercado paga e qual é a capacidade do caixa da empresa, você também precisará entender qual é seu custo de vida, ou seja, suas despesas e necessidades pessoais mensais. Assim, você evita de cair na tentação de gastar demais só porque vê caixa disponível na empresa. O segredo é conseguir viver com o pró-labore: em outras palavras, adequar seu estilo de vida ao tanto que você ganha como remuneração, como faz qualquer trabalhador assalariado. É claro que, havendo lucro no negócio, ele poderá ser distribuído entre os sócios de tempos em tempos (a cada três ou seis meses, por exemplo). Mas não considere isso como salário, já que se trata de um valor variável e incerto.
6. Estabeleça uma data para retirada do pró-labore
Assim como qualquer funcionário costuma ter data pré-estabelecida para receber o salário, você deve, idealmente, se organizar para fazer a retirada do seu pró-labore todo mês. Isso faz com que as finanças fiquem mais organizadas e te ajuda a se programar. Mas, novamente, lembre-se: o pró-labore deve ser retirado se sobrar dinheiro e se todas as demais obrigações financeiras tiverem sido cumpridas.
7. Não existe 13º de pró-labore
O pró-labore é a remuneração apenas pelo trabalho realizado mensalmente e não tem relação com direitos trabalhistas como férias ou 13º salário, já que se trata de um sócio e não de funcionário com contrato com regime pela CLT.
Fonte: Pequenas Empresas Grandes Negócios