CEARÁ SE DESTACA ENTRE OS ESTADOS COM MAIOR CRESCIMENTO NO COMÉRCIO ELETRÔNICO E APONTA PARA A NOVA REALIDADE EM QUE AS EMPRESAS ESTÃO INSERIDAS
Com o crescimento de 671% no faturamento das vendas online em janeiro deste ano, o estado tem alto crescimento no segmento. Mauro Santos, supervisor de e-commerce, apontou os principais fatores para essa realidade e como as empresas devem se preparar para ela
A venda realizada através do comércio eletrônico já não era uma novidade quando grande parte dos negócios precisou aderir essa prática em 2020. No primeiro semestre de 2019, o Ceará já havia sido apontado como o terceiro estado do Nordeste a ter maior desempenho em número de pedidos e transações financeiras.
Os dados divulgados pela pesquisa da Compre&Confie, empresa de inteligência de mercado para e-commerce, ainda revelaram que o Ceará acumulou, apenas nos seis primeiros meses de 2019, 1,3 milhão de pedidos de compra online, faturando um total de R$ 661 milhões.
No entanto, se os números já haviam sido positivos em 2019, o ano seguinte trouxe uma perspectiva ainda maior de crescimento do comércio eletrônico e trouxe um desenvolvimento a nível recorde para o segmento. Com a pandemia, o e-commerce deixou de ser apenas uma escolha e durante muitos meses passou a ser a única forma que as pessoas possuíam para continuar realizando suas compras em um contexto onde não podiam sair de casa.
Essa nova realidade fez com que as empresas ingressassem de vez no e-commerce e de fato investissem nele como forma de seguir faturando além da loja física. Dessa forma, o ano de 2020 foi considerado como um grande divisor de águas para o comércio eletrônico brasileiro, finalizando o quarto semestre com 86,4 milhões de compras online, de acordo com relatório da NeoTrust.
Entre as regiões que mais se destacaram nesse período, o Nordeste aparece como a ter[1]ceira colocada, sendo responsável por 14,1% do total de pedidos realizados no e-commerce, apresentando um crescimento de 2,2 p.p em relação ao mesmo período em 2019.
Com o e-commerce já bem estabelecido, era de se esperar que o ano de 2021 trouxesse ainda mais crescimento e oportunidades de compras online, fator a ser bem aproveitado pelas empresas. Nesse ponto, o Ceará teve destaque com um crescimento exponencial. Apenas no primeiro mês do ano, pequenas e médias empresas do estado apresentaram um faturamento de 671% a mais nas vendas online do que no mesmo período do ano anterior
Entre todos os estados, este foi o maior crescimento apresentado. O segundo lugar ficou com o Amazonas, com 456%, e o terceiro lugar com Sergipe, que finalizou o mês com crescimento de 323%.
Em valores exatos, dados da plataforma NuvemShop mostraram que empresas de pequeno porte no Ceará faturaram R$ 6,4 milhões com o comércio eletrônico em janeiro de 2021, ante a R$ 840 mil no mesmo período do ano anterior. Os dois segmentos que tiveram maior faturamento foram o de livros e o de roupa
Os dados em si já mostram o salto que o e-commerce deu entre um ano e outro. No entanto, para se estabelecer no comércio eletrônico e obter ótimos resultados com ele, é necessário entender o funcionamento do segmento e a melhor maneira de se estar presente nele.
Por isso, as empresas devem estar cada vez mais ligadas às novas tecnologias, buscando atender os consumidores da forma mais completa possível, para que não fiquem para trás e acompanhem esse crescimento.
Para entender melhor sobre o crescimento do e-commerce e como as empresas devem se adequar à nova realidade, conversamos com Mauro Santos, supervisor de e-commerce que atualmente trabalha na Pole Alimentos, do Grupo Granja Regina. Confira a entrevista:
Revista Nosso Setor: Como você avalia o crescimento do e-commerce nos últimos anos?
Mauro Santos: Gigante, mesmo antes da pandemia o número de compras feitas exclusivamente por meios digitais já registrava crescimento recorde. Além de produtos cada vez mais disponíveis em centenas de sites e marketplaces, serviços foram comercia[1]lizados digitalmente, Netflix e Spotify estão aí para provar que é possível modelos de negócio exclusivamente digitais. Não podemos esquecer da gigante Amazon que vem dominando o mercado mundial e que aqui no Brasil tem fortes concorrentes como Magalu e Americanas. A COVID trouxe a prova final ao e-commerce. Com o isolamento quase todos os negócios, mesmo que pequenos, tiveram que vender online. Isso fez com que o público se acostumasse com esse modelo que agora tende a ser uma opção real presente no dia a dia dos consumidores.
Revista Nosso Setor: Quais são os maiores desafios de uma empresa para deixar de atuar somente no físico e passar para o digital também?
Mauro Santos: Acredito que o maior desafio seja cultural. No digital a proximidade dos clientes com os produtos/serviços é constante. A loja não fecha! Tudo fica mais intenso e o atendimento passa a ser a parte mais importante do negócio. Lidar com feedbacks, avaliações e com as redes em geral são habilidades que precisam ser adquiridas para que a migração seja bem sucedi[1]da. No digital, tão importante quanto o produto oferecido é a experiência com o todo, desde como se encontra o produto até o pós venda. A parte técnica apesar de às vezes causar receio é a mais fácil, inúmeras plataformas trazem tutoriais e modelos prontos para começar a vender a partir do day one.
Revista Nosso Setor: O Ceará se destacou na adesão ao e-commerce no último ano, o que você acha que contribuiu para isso no estado?
Mauro Santos: Eu acredito muito na nossa verve inovadora! Somos um povo que gosta de tecnologia, temos muitas vantagens competitivas nesse sentido. Fortaleza possui o maior ponto de conexão de cabos submarinos de fibra óptica do mundo, além de ter a maior economia do Nordeste. Temos grandes empresas e um povo que adora experimentar novidades.
Revista Nosso Setor: Quais estratégias você acredita serem essenciais para alcançar o sucesso no e-commerce?
Mauro Santos: Cliente no centro. Isso é um mantra de todo grande negócio hoje em dia, digital então… É simples mente essencial. A competitividade é enorme e fidelizar esse cliente é o maior ativo que uma empresa pode ter. Processos e produtos devem existir para atender as necessidades do cliente, esteja próximo dele o tempo todo, escute suas dores e se comprometa em ajudar verdadeiramente.
Revista Nosso Setor: Como você visualiza o futuro do e-commerce e a linha tênue entre físico e digital?
Mauro Santos: As pessoas querem escolher a melhor forma de serem atendidas. Às vezes precisamos de um item urgente, pedimos pelo app e buscamos nós mesmos na loja, sem filas. Em outras queremos receber em casa, com a montagem inclusa, sem complicação. Seja de uma forma ou de outra, as empresas devem oferecer opções ao consumidor para que ele escolha do jeito dele. Esse conceito de omnichannel é o que mais vai ser percebido como valor pelos clientes daqui para frente, não tenho dúvidas. Precisamos focar em experiências satisfatórias e produtos e serviços de qualidade, em todo lugar, fácil de comprar, contratar, cancelar ou devolver.
Mauro Santos, Profissional de Ecommerce, Marketing, Tecnologia e Inovação, dedicado ao entendimento do ambiente de negócios digitais e em processos de inovação e valor. Foco em tecnologias utilizadas na transformação pela experiência do mercado. Mindset orientado para inovação de produtos e serviços centrados na experiência do usuário