Rumo ao desenvolvimento

Pedro Lopes, atual presidente da APAS, comenta sobre o cenário econômico brasileiro e os principais desafios do mercado de consumo

À frente da presidência da APAS (Associação Paulista de Supermercados), desde o dia primeiro de setembro, o empresário Pedro Lopes trabalhará, nos próximos dois anos de mandato, para dar continuidade as ações de sucesso da entidade, redobrando a atenção para as questões ligadas ao ESG (Ambiental, Social e a Governança), além de ressaltar a importância da profissionalização nas empresas do setor supermercadista.

Como o senhor analisa a retomada do consumo, ainda em um cenário de pandemia da Covid-19, mas que tem tudo para voltar à normalidade nos próximos meses?

A economia caminha de volta a uma normalidade e com isso o fluxo de clientes no varejo tem crescido. E isso acontece porque o consumidor voltou a frequentar as lojas físicas. Trata-se de um efeito normal, depois de um longo período de isolamento. O supermercado é considerado como comércio essencial. Mesmo assim tivemos um período de muita dificuldade e que foi desafiador para o setor. Agora na retomada, se por um lado o auxílio Brasil alivia a situação difícil das famílias, a alta da inflação acaba consumindo o orçamento da população das classes menos favorecidas.

Qual a importância dos auxílios promovidos pelo governo nessa retomada do consumo?

São de fundamental e essencial importância, porém a alta da inflação tem corroído o poder de compra das famílias. Os auxílios foram fundamentais, principalmente no início da pandemia em 2020. E ainda hoje vejo que a continuidade desses recursos são necessários, pois ainda temos muito desemprego no País. E o consumidor tem dificuldades para fazer com que o orçamento chegue até o fim do mês.

De que maneira o supermercado tem ajudado o consumidor, que está com a renda apertada, até mesmo para realizar as compras dos produtos da cesta básica?

O supermercado tem sido essencial para oferecer opções para todos os bolsos, por meio da oferta de produtos mais acessíveis. Vejo que a marca própria é uma alternativa nesse sentido. Esses itens ganharam espaço com a pandemia, pois o varejista controla o processo de compra e de distribuição, o que faz com que o produto fique mais acessível para quem busca economizar. Também percebo uma mudança de hábito do consumidor, que substitui categorias e produtos de valor agregado por itens de menor valor na hora da compra, dando prioridade para os produtos da cesta básica como a troca de carne bovina por outras proteínas mais acessíveis como ovos, frango e suínos. No supermercado tem crescido a busca por embalagens família, do tipo pacotão. Tudo isso reflete a procura do brasileiro por uma maior economia e que tem feito “malabarismo” para colocar o alimento na mesa da sua família.

Na sua visão, quais serão os maiores entraves para a economia este ano?

Fatores como a queda da renda; a alta da inflação; a alta do preço dos combustíveis; a guerra da Ucrânia, entre outros aspectos trazem dificuldade para a cadeia de abastecimento, não só no Brasil como no mundo. A inflação tem corroído o poder de compra do consumidor.

Como será o seu mandato à frente de uma associação do setor supermercadista?

Vejo que o bom relacionamento é fundamental em qualquer atividade. Por isso, eu desejo criar uma agenda colaborativa para que todos ganhem (supermercado e indústria). O meu principal objetivo é agregar, e o meu mandato será voltado para a inclusão, com um olhar especial para o pequeno e o médio supermercado, que necessita de maior apoio. Desejo desenvolver ações e ferramentas que façam sentido para o pequeno varejista, principalmente nas questões relacionadas às pautas ESG. Para tanto conto com o apoio das diretorias regionais da APAS nesse trabalho.

E qual será o seu maior desafio à frente de uma associação de tanta representatividade dentro da cadeia de abastecimento?

O objetivo é evoluir sempre. Pretendo dar continuidade aos bons trabalhos realizados pelas gestões anteriores, mas estou sempre atento as oportunidades de melhorias para o bom desenvolvimento do setor. Por isso, vamos avançar na questão da governança da nossa entidade, que continuará com total transparência. Hoje, com a rapidez e o dinamismo com que as mudanças acontecem, é necessário um olhar atento a todos os múltiplos canais de vendas. Desta maneira, as inovações têm que vir de um setor que ocupa uma posição estratégica, temos que contribuir para a evolução do mercado, da economia e da sociedade. Assim, temos de estar aberto para elas e fazer com que essas coisas aconteçam dentro dos supermercados. Vamos nos utilizar de pesquisa, tecnologia, comportamento de compra dos consumidores e os hábitos das novas gerações, para fazer com que o supermercado fique mais atrativo para todos.

De que maneira o senhor analisa a importância da governança corporativa para o setor supermercadista?

Geralmente o supermercado fica na comunidade, e muitas empresas podem ajudar a desenvolver economicamente e socialmente esse entorno. Muitos já fazem isso, e isso é ESG. São estratégias que necessitam de ampliação. Uma governança bem estabelecida é uma tendência que vai impactar todo o mercado nos próximos anos e transformará o varejo, a indústria e os consumidores. Outra questão, quando se trata de governança, é de se trabalhar os sucessores do negócio –  o nosso substituto. Para fazer a governança é necessário praticar, aculturar, etc., se leva tempo. Por isso, é necessário trabalhar com antecedência para criar consciência sobre essas questões. Queremos aprofundar o debate e o conteúdo nessa área para que as empresas tenham perenidade no negócio. Por isso, é necessário que tenham esse olhar e comecem a construir essa questão o mais cedo que puderem.

E em meio ao crescimento das vendas online o que deve ser feito para tornar a loja física mais atrativa?

O digital é uma tendência, mas a essencialidade do setor faz com que o consumidor frequente à loja física pelo menos uma vez por semana. Por isso, o supermercado precisa estar muito atento ao básico da operação, como por exemplo, oferecer uma loja mais agradável, limpa, bem arrumada e iluminada. Apesar de tudo isso, se sobressairão melhor e terão a preferência do consumidor àquelas lojas que souberem encantar o cliente, com um bom atendimento, esses sempre terão espaço. Para encantar o cliente, não podemos esquecer de quem cuida dos clientes, os colaboradores. Não adianta ter uma loja supermoderna se o seu colaborador não estiver sendo bem cuidado, a loja precisa ser um reflexo do seu bastidor.

Na sua opinião, quais fatores ainda fortalecem a loja física junto ao consumidor?

O atendimento. Todos nós gostamos de sermos bem atendidos. Por isso eu acho que o supermercado, principalmente as lojas de vizinhança, terão sempre seu lugar garantido. Por mais que o e-commerce evolua, ele será sempre mais uma opção de canal de compra. O consumidor precisa ir ao supermercado, pelo menos uma vez por semana, principalmente para comprar perecíveis. Cativar e atender bem o cliente é o caminho para se manter firme no negócio.

Como avalia o crescimento do modelo de atacarejo?

Esse modelo é o que faz sucesso com os clientes atualmente, pois, nos últimos anos, acabou substituindo o hipermercado, dentro do plano de negócios das grandes redes varejistas, que optaram por abrir mais lojas neste formato, fechando as suas operações de hipermercados. O atacarejo tem um posicionamento e uma proposta muito clara do negócio e o consumidor o acessa em função de um menor desembolso em maiores volumes de compras. Acredito que deve haver uma consolidação de players deste modelo nos próximos anos. Já no supermercado, o consumidor valoriza o atendimento e o modelo de supermercado tem um sortimento diferenciado e serviços mais direcionados as necessidades dos clientes, então, eu penso que o supermercado tem o seu espaço de crescimento nos próximos anos também.

E sobre a APAS SHOW, maior feira supermercadista do mundo. Quais são os seus planos para ela?

É lá que os negócios são gerados, e é onde acontece o encontro do supermercadista brasileiro com a indústria. Adoramos a APAS SHOW porque ela proporciona oportunidade de relacionamento e de negócio. Acredito que podemos melhorar a oferta de produtos disponíveis na feira; trazer novos setores e fortalecer outros. O nosso congresso sempre foi um sucesso. Vamos continuar evoluindo e aprimorando, fazendo com que ele seja cada vez mais atrativo, trazendo tendências, novas oportunidades em temas atuais e inovadores, que criem valor para as empresas do mercado de consumo.

A internacionalização do evento é importante?

É muito importante. Queremos apresentar a feira em países da América Latina, para mostrar aos compradores internacionais e aos fornecedores desses países que a APAS SHOW é um evento de referência mundial e muito focado no desenvolvimento dos negócios.

Quem é:

Pedro Lopes

Nascido em Turmalina, Minas Gerais.

Veio para Guarulhos (SP) aos 20 anos onde, em sociedade com os irmãos, fundou a rede Irmãos Lopes Supermercados, em 1974.

Atualmente a rede tem 33 lojas, sendo 30 lojas e 3 atacarejos no estado de São Paulo.

Fonte: Super Varejo

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