A SAÚDE FINANCEIRA DO COLABORADOR IMPACTA NA PRODUTIVIDADE DA LOJA
A situação financeira de um colaborador e sua motivação estão diretamente ligadas. Todos temos problemas, no entanto, quando esses envolvem o aspecto financeiro, a motivação não será a mesma no trabalho, o que acaba perturbando o bem-estar do indivíduo e interferindo em sua produtividade. Sabemos que o colaborador que trabalha preocupado com contas e juros para pagar não trabalha direito.
Para evitar esse reflexo negativo, as empresas devem investir em Educação Financeira para seus colaboradores, o que pode evitar transtornos para o varejista, como faltas constantes, pedidos de adiantamento e até furtos dentro da loja, comprometendo as atividades e a rentabilidade da loja.
É importante ressaltar que não adianta dar aumento de salário, benefícios e auxílios sem orientá-los como administrar os seus ganhos. Os colaboradores precisam ajustar o seu padrão de vida à sua situação financeira. Dessa forma, as finanças serão um problema a menos na cabeça do colaborador. Um agravante é que o brasileiro tem uma carência muito importante que é a falta da cultura da poupança. Ele não é muito exposto a educação financeira, apesar de sermos uma sociedade voltada ao consumo. As pessoas vão consumindo, vão se endividando e quando se dão conta não conseguiram construir um patrimônio e uma poupança que lhes garantam um futuro seguro.
Na maioria das vezes, as palestras realizadas dentro da empresa são apenas o início de um processo que requer tempo. Para se educarem financeiramente, é necessário passar por uma mudança de hábitos e costumes, ou seja, de comportamento com relação ao uso do dinheiro. Mas é preciso começar.
Costumo fazer a seguinte analogia. Quando você tem um problema de saúde, o médico pede uma série de exames. Os exames são uma radiografi a da sua saúde naquele momento, assim, o médico é assertivo no seu problema. Com o desequilíbrio fi nanceiro é a mesma coisa. É como uma doença que pode apresentar vários sintomas, cada um vai exigir um tratamento diferente. Essas comparações são formas simbólicas de dizer que há uma doença em curso, corroendo a saúde fi nanceira da pessoa em questão.
O problema se agrava quando a situação sai fora do controle, ou seja, o desequilíbrio financeiro aumenta rapidamente, invadindo a vida familiar e profissional. E mais: esses sintomas podem se agravar, pois nem sempre é possível atacar o problema justamente porque o psicológico está abalado e, nunca sabe se há um imprevisto chegando.
Qualquer que seja a natureza do seu problema, se sua saúde financeira está abalada, você precisa de um diagnóstico financeiro imediato. Quanto antes souber o tamanho real do problema, mais rápido encontrará o caminho para se livrar dele. A conscientização é o primeiro passo.
É preciso refl etir sobre quais são seus reais rendimentos e detalhar todas as suas despesas, do cafezinho ao aluguel da casa. A maioria das pessoas registra apenas as grandes despesas, como energia elétrica, supermercado, entre outras. Para diagnosticar com precisão é preciso chegar no detalhe, pois, os pequenos gastos passam despercebidos, sem registro.
A proposta aqui é que a partir de hoje, você saiba para onde vai cada centavo do seu dinheiro e controle, principalmente, os pequenos gastos. Para tanto, precisará anotar tudo o que gasta diariamente. Faremos um exercício para saber quais são seus hábitos de consumo. Durante 30 dias,
você irá registrar no apontamento de despesas, para onde vai cada centavo de suas finanças, conforme o exemplo acima. Ao fi m de 30 dias de registro, você terá o total do mês e saberá para onde está indo cada centavo do seu dinheiro. Você também descobrirá que os pequenos valores fazem uma grande diferença no seu bolso.
É um processo, a verdade é que dificilmente estamos predispostos a mudar nossos hábitos e comportamentos – por mais que eles nos prejudiquem, somos animais de hábitos, e um hábito enraizado é difícil de ser mudado.
Voltando ao nosso apontamento de despesas, a primeira parte da técnica em si é simples: anotar todos os gastos, todos os dias, detalhadamente, desde as despesas fixas e grandes até uma bala, uma gorjeta e gastos esporádicos. Essa tarefa é sua. Você perceberá que durante os registros de suas despesas será possível ter uma visão ampla de seus gastos. No fechamento dos trinta dias, poderá refletir sobre eles e, assim, definir que atitudes tomar.
Faça a anotação no momento de sua despesa, pois é comum esquecer se deixar para anotar depois. Você pode fazer isso também através de aplicativos gratuitos de smartphones. Escolha o que mais lhe convém. Lembre-se, você não deve ficar escravo das anotações. Envolva toda sua família neste desafio, decida em conjunto. Isso fará muito bem às suas relações familiares, uma vez que todos serão unidos em torno dos mesmos objetivos. Quando finalizar o mês, passe o total dos gastos para seu orçamento financeiro. Assim, você terá uma visão real dos seus números.
Até pouco tempo atrás, as empresas não costumavam se preocupar com a educação financeira dos colaboradores por causa da crença de que as finanças pessoais são um problema de cada pessoa. Entretanto, agora as empresas começam a perceber que a falta de conhecimento dos colaboradores em relação ao uso do dinheiro causa impactos na produtividade e na motivação deles em relação ao trabalho e passam a investir em programas que possam solucionar esse problema.
Portanto, é importante tratar a educação financeira como uma responsabilidade social da organização, que oferece vantagens não apenas para o colaborador, mas também para os familiares dele, para a comunidade e para a própria empresa.
Por Paulo Afonso, é economista, educador fi nanceiro, prof. Orientador no MBA em Varejo da ESALQ-USP, consultor associado da Associação Paulista de Supermercados (APAS) e Associação Mineira de Supermercados (AMIS), Instrutor do Sebrae-SP e Consultor em gestão econômico financeira.