Cheque especial e cartão de crédito: saiba como sair das dívidas caras
Com a disparada da Selic, aumentaram também os custos das principais linhas de crédito para pessoas físicas, como cheque especial e rotativo do cartão. Saiba como escapar das armadilhas do endividamento
A alta da taxa Selic tem uma consequência perversa para quem está endividado: o aumento dos juros dessa dívida. Desde o ano passado, o custo do crédito nas linhas mais caras — e algumas das mais acessadas — às pessoas físicas está em alta. Em alguns casos, como o do rotativo do cartão de crédito, a taxa anual de juros passa dos 300%, o que significa que, a cada 12 meses, a dívida quadruplica. Trata-se de uma bola de neve difícil de controlar.
A má notícia para quem está endividado, ou para quem vai acabar entrando em uma dessas linhas de crédito, é que não há sinal de alívio em um futuro breve. A taxa Selic, que serve como piso para os financiamentos do país, está em 11,75% ao ano e deve terminar o ano perto dos 13%, segundo as expectativas dos economistas de mercado.
O ideal é evitar o endividamento, mas com a inflação e as despesas em alta, o caminho inevitável para muitas famílias é o da contratação de crédito até mesmo para o pagamento de dívidas do dia-a-dia. Um levantamento feito pela Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste) mostrou que 7 em cada 10 consumidores têm gastos pendurados no cartão de crédito, e que 23% estão muito endividados.
Mas mesmo para quem cai no endividamento, há uma série de “boas práticas” que podem ajudar. Para tornar o processo de endividamento menos sofrido e, principalmente, custoso, é importante tentar estabelecer mecanismos de controle para as despesas, além de tomar decisões mais conscientes na hora de contratar o crédito.
Veja algumas dicas para sair da dívida:
Mapeie as despesas
Parece uma dica óbvia, mas, na prática, menos da metade dos brasileiros faz algum tipo de controle de gastos e receitas. Pode ser uma planilha no computador, uma folha em um caderno ou até um aplicativo: o importante é ter noção de quanto dinheiro entra e quanto dinheiro sai.
Mapear as despesas ajuda a identificar os problemas antes que eles se transformem em dívidas. Dá para saber, por exemplo, quais categorias de despesas cresceram nos últimos meses, e tentar identificar possíveis soluções. Tendo em vista o que está saindo do controle, é possível fazer cortes mais eficientes de despesas.
Pague à vista
À primeira vista, essa é outra dica que parece óbvia, mas que guarda duas lições bastante úteis. Primeiro, o pagamento de compras e contas à vista ajuda no controle financeiro, pois aumenta a previsibilidade de gastos a cada mês.
A possibilidade de pagar em mais de uma vez é tentadora, dada a falsa sensação de que, no parcelado, o alívio sobre as contas do mês é maior. Mas tal comportamento leva o consumidor a acumular muitas parcelas, que, somadas, geram uma fatura de cartão de crédito estratosférica. Essa é uma das armadilhas mais comuns de quem acaba caindo no rotativo do cartão.
“Mesmo quem tem mais disciplina pagar à vista deve sempre que puder, porque o dinheiro na mão permite uma condição de pagamento melhor”, explica Carlo Castro, planejador financeiro CFP pela Planejar.
E não necessariamente a expressão “dinheiro na mão” precisa ser encarada de forma literal. Com a disseminação do Pix, o pagamento à vista se tornou mais fácil e, por ser compensado imediatamente, os lojistas concedem um bom desconto para quem paga com a ferramenta.
“Dado que o consumidor sabe que precisa de ajuda para pagar, é melhor que ele escolha o crédito que custa menos. E isso vale não só para o tipo de financiamento, mas também para o banco ofertante. É importante comparar os juros entre todas as instituições em que ele já possui o crédito aprovado”, aconselha Castro, da Planejar.
Não pode pagar? Renegocie agora
Agora, quem já está endividado em uma linha de crédito com juros altos e está com dificuldades de pagar deve dar um passo para trás e, antes de qualquer coisa, analisar as opções disponíveis. O caminho ideal é tentar quitar a obrigação de forma integral, mas se isso não for possível no momento, a solução mais adequada é trocar a dívida cara por uma dívida mais barata.
Por exemplo: se você está com problemas para pagar a fatura do cartão de crédito, em razão de uma dívida do rotativo que já foi parcelada, o ideal é contratar o crédito pessoal, ou até um consignado, para quitar essa dívida integralmente, e, a partir daí, organizar o pagamento das parcelas.
É importante ressaltar, no entanto, que o ponto mais importante desse ciclo é a disciplina de tentar reduzir as dívidas, ao invés de permitir que elas voltem a se acumular. Para tanto, é necessário quitar as parcelas em dia e, sempre que possível, antecipar o fim da dívida.