Mercado de alimentos indulgentes no Brasil pode chegar a US$ 47 bilhões em 2030
Empresas estão se preparando para atender essa demanda
Os hábitos de consumo mudaram durante a pandemia e a tendência do “eu mereço” vem crescendo. De olho nesta mudança, várias empresas vêm se preparando para atender os consumidores em um mercado que pode chegar a US$ 47 bilhões no Brasil em 2030, segundo a consultoria McKinsey.
Chamada de categoria de indulgência, no Brasil ela cresceu em média 20%. Algumas marcas cresceram acima desse porcentual, é o caso da Seara, controlada pela JBS, que apresentou avanço de 45%.
A emergência sanitária arrefeceu, mas o mundo mergulhou em um cenário de instabilidade econômica e social. Para Fatima Merlin, economista especializada em comportamento do consumidor, fundadora e CEO da Connect Shopper, o consumo indulgente tende a aumentar ainda mais.
A Seara foi ligeira em captar e atender os novos desejos dos clientes. No final do ano passado, a empresa apresentou ao mercado duas linhas com foco no churrasco. Uma delas, a gourmet, com porções menores, é para poucos convidados.
“O churrasco não está mais restrito aos finais de semana”, explica Tannia Fukuda, diretora de marketing e comunicação da Seara. Ao contrário das reuniões realizadas aos sábados ou domingos, com grupos maiores de amigos e parentes, o churrasco em dia útil é “mais intimista”, define ela.
Para Jenifer Ferreira Novaes, executiva sênior do Painel de Uso da Kantar, divisão Worldpanel, o isolamento social fez com que as pessoas buscassem levar também para casa “produtos que elas só acessavam nos restaurantes”. Mesmo com a covid-19 sob controle a tendência se mantém.
O lançamento mais recente da Seara segue essa filosofia. Com a linha empanados de frango a empresa quer proporcionar aos consumidores a mesma experiência pela qual eles passam, quando consomem, em viagens para o exterior, por exemplo, uma asinha ou um filé à milanesa, típicos das culinárias britânica e americana.
Mas quando o tema é alimentos indulgentes, os doces são imbatíveis, com destaque para o chocolate. Para se ter ideia, somente no ano passado as vendas desse produto cresceram 16%, movimentando R$ 7,2 bilhões.
O chocolatier Alexandre Costa, fundador e CEO da Cacau Show, afirma que é fácil entender o porquê da predileção. A manteiga de cacau é a única gordura que derrete à temperatura do corpo. Nos produtos mais sofisticados, os ingredientes são tão moídos que, ao colocar o chocolate na boca, o alimento se dissolve.
“É daí que vem aquela sensação de abraço, de acolhimento”, diz o CEO da Cacau Show, uma das grandes fabricantes de chocolates do mundo e, desde fevereiro passado, a maior rede franqueadora do Brasil.
Na Páscoa, a empresa lançou seu “dark milk”; composto por 55% de cacau, 25% de leite e 20% de açúcar. Ou seja, um chocolate com os benefícios nutricionais do amargo e o bem-estar proporcionado pelo ao leite.
Fonte: SA Varejo