O poder destruidor das perdas
Nos últimos anos o varejo vem atravessando um processo de transformação especialmente intenso. Essa atividade geradora de lucros representa uma máquina que opera sob uma dinâmica única, e nessa composição é conduzida com uma velocidade extrema que reflete nas principais engrenagens que sustentam este mercado: estratégia (criação de uma vantagem competitiva sustentável), planejamento (que ajuda a definir os objetivos, identificar oportunidades e ameaças) e, principalmente, o investimento certo em recursos. Esses fatores garantem o sucesso de uma empresa varejista e sua perenidade.
O movimento que acompanhamos atualmente é o de profissionalização dos processos do varejo em busca de uma melhor competitividade. Um dos processos que evolui com as correntes mudanças é a formação de uma área preventiva contra as perdas, que possa justamente auxiliar na melhor gestão de custos.
Segundo dados dos órgãos que medem a perda das empresas varejistas no Brasil, em 2022 a cifra das perdas atingiu 31,7 bilhões de reais, sobre o faturamento do setor. Esse valor representa um índice médio de 1,48%, com um elevado crescimento de 22% sobre o ano anterior.
Desde as primeiras iniciativas contra as perdas no Brasil, e estamos falando em quase 30 anos, muita coisa já poderia e deveria ter avançado. É fato que o “burburinho” sobre o tema prevenção de perdas tem aumentado nas empresas de forma significativa nos últimos 4 a 5 anos, mas na minha avaliação, ainda de forma superficial, com resultados pouco consistentes e ainda muito concentrado sobre o segmento supermercadista.
Se olharmos para trás, até pouco tempo as operações de controle dos estoques eram bastante precárias considerando que muitas empresas/ lojas não eram submetidas a inventários regulares e ainda assim quando submetidas a esse tipo de atividade, as faltas apuradas nos estoques não tinham o devido acompanhamento de nenhum departamento para melhorias e críticas sobre as faltas apontadas, limitando-se muitas vezes a realizarem o ajuste do estoque no sistema. Ainda sobre os inventários, vemos baixo nível de profissionalização, tanto no planejamento, na execução como na análise dos resultados e a conversão em ações de combate efetivo às perdas.
Os números das perdas no Brasil realmente impressionam e são o retrato de um problema que incomoda o varejo não só do Brasil mas também de outros países. Buscar tecnologias, montar equipes de prevenção, treinar colaboradores e, principalmente, mudar a cultura, devem tornar-se premissa básica para quem persegue a busca pela redução das perdas.
Ao meu ver, uma das nossas tarefas como profissional da área é ampliar essa visão de prevenção aos diversos segmentos do varejo, que ainda encontram-se pouco assistidos nesse campo da prevenção, e mirar as pequenas e médias empresas fazendo com que o conceito de custo de prevenção de perdas na contabilidade seja colocado em prática a fim de que se conheça o valor dos recursos aplicados no combate às perdas e a permitir o cálculo do custo benefício dos mesmos.
Haroldo Ribeiro é Diretor da Max Result Consultoria e especialista em prevenção de perdas e gestão de estoques no Varejo Brasileiro.
haroldo@maxresult.com.br