CRESCIMENTO DO SETOR SUPERMERCADISTA E A INAUGURAÇÃO DE NOVAS LOJAS
Muitos supermercados anunciaram recentemente expansão de suas operações através de contratação e reformas, tanto de novas lojas, como das lojas já existentes. O grande questionamento que está sendo feito é: Como isso está acontecendo em um momento tão delicado da economia? A resposta está em 4 fatos do momento atual que são: a inflação, os novos hábitos adquiridos pelo novo normal e a evolução dos modelos de negócios e o momento de consolidação do setor.
A INFLAÇÃO E O QUE INFLUENCIA?
A inflação de curto prazo é uma dinâmica relevante para esse momento de mercado. Perceber que quando existe uma perspectiva de inflação maior, existem maiores crescimentos de empregos no setor, pois os preços dos salários mínimos demoram para acompanhar a evolução dos preços dos produtos vendidos, mantendo assim os mesmos custos e despesas operacionais e crescendo o faturamento, aumentando o lucro das empresas.
O faturamento dos supermercados está em pleno crescimento, muito puxados pela inflação de alimentos do último ano de 2020 que foi 14,1% de janeiro a dezembro, segundo a XP e o IBGE. As perspectivas dos investimentos em novas lojas nos supermercados para o ano 2020 já eram altas relativas ao ano de 2019 que passou de 10,5% para 33,4% em investimentos em novas lojas, com a inflação alta isso se tornou ainda mais latente.
ESSE CRESCIMENTO VEIO PARA FICAR?
A mudança de hábito ocasionada pela pandemia fez com que 72% dos consumidores passassem a usar ou aumentassem o uso de entregas de compras de supermercados, segundo a Nilsen. Por isso foi forçada a evolução das gerações mais acostumadas a utilizar o ponto de venda presencial a mudarem para as novas tecnologias. Junto disso, uma ampliação da cultura de comodidade, de consumo caseiro e de hábitos mais saudáveis, é projetada pela XP que pode influenciar um aumento na demanda nos supermercados de 2,6% no pior cenário, até 12,8% no melhor cenário.
MODELOS DE NEGÓCIOS
A inovação no modelos de negócios diversificados dentro de um mesmo ponto de venda, é um fator de extrema importância para esse setor, nos quais conseguimos ver em um mesmo ponto de venda a possibilidade de ser um estoque ou um centros de distribuição para o delivery e o e-commerce, ser um serviço de atendimento ou autosserviço, ser um supermercado e um restaurante ou padaria. Além de todas essas possibilidades, ganha cada vez mais representatividade dentro do faturamento desse setor os produtos de marcas próprias, que têm uma margem muito maior e o programa de fidelidade que gera um aumento na frequência de pedidos e/ou visitas ao ponto de venda como foi o caso do Pão de Açúcar e da Raia Drogasil que fizeram uma jointventure para estruturar uma empresa de programa de fidelidade.
AINDA EXISTE ESPAÇO PARA CRESCER?
A indústria brasileira de supermercados ainda é relativamente fragmentada com muita concorrência em cidades/ estados especificos. O Brasil, em comparação com o EUA, ainda tem espaço para a consolidação de uma boa parte do setor, enquanto temos nas 10 maiores empresas do setor, 40% do mercado, no EUA representa 55%, o que nos deixa com um GAP de consolidação de 15% ainda, em comparação com mercados mais maduros.
Hoje a demanda ainda é muito concentrada no Sudeste com 54% e no sul com 24% das vendas de supermercados, o que trás uma grande vantagem de se ter supermercados mais maduros nas regiões onde existem menos concorrentes.
O MOMENTO DO MERCADO DE SUPERMERCADOS
O mercado vive um momento de expansão de novas redes e consolidação do mercado, através de expansão para pontos não ocupados por supermercados próximos e através de fusões e aquisições. Outro grande foco está na utilização de lojas como atacarejos e expansão de modelo de negócio omnichannel, trazendo comodidade para os clientes.
Por Olcino Martins
Trabalhou 2 anos com consultoria estratégica e comercial no Middle Market com foco no Nordeste, além de experiência em fundo de investimento de Private Equity e hoje sócio assessor de investimento da XP na Conceito Investimento . Graduado em Administração (UNIFOR), formado em Finanças (UFRJ), cursando MBA em Finanças(Saint Paul-SP), além de certificado em Management Consulting Analyst pelo (MCI) e especialista de investimentos (ANCORD).