PREVENÇÃO DE PERDAS E MELHORES RESULTADOS NO VAREJO DO NORDESTE
José Mendes, gerente de Prevenção de Perdas do Cometa Supermercados, fala sobre o mercado, os desafios e o futuro da prevenção de perdas
Redução de desperdícios para melhorar a eficiência operacional do negócio. Esse é o objetivo da prevenção de perdas, englobando uma série de ações e atitudes para minimizar situações que interferem negativamente nos resultados da empresa, diminuindo o lucro.
De acordo com uma pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Prevenção de Perdas (ABRAPPE), em 2019 o índice de perdas do varejo chegou a 1,38% do faturamento líquido, resultado que representa R$ 21,46 bilhões. Para chegar a esses números, são muitos os fatores que podem contribuir, como: furto em lojas; expiração do prazo de validade dos produtos; danos em equipamentos; produtos mal distribuídos; demora na reposição; entre outros.
Diante deste cenário, as empresas varejistas têm buscado cada vez mais estratégias e profissionalização dos setores de prevenção, visando a obtenção de melhores resultados. “Sendo um projeto de prevenção de perdas bem aplicado, desde a padronização de normas e procedimentos, há redução de quebras e desperdícios. Podemos avaliar com resultados entre um inventário e outro. Também chega a ser, para algumas empresas, a própria sobrevivência, uma vez que não conseguem aumentar as vendas, mas conseguem reduzir as perdas”, destaca José Mendes, gerente de Prevenção de Perdas do Cometa Supermercados.
Há muitos anos no mercado e com passagem por diversas redes varejistas, José Mendes, que hoje compõe o Comitê de Prevenção de Perdas da Associação Cearense de Supermercados (ACESU), aponta que o trabalho da equipe de prevenção de perdas mudou a partir das próprias transformações no mercado, sendo necessário atuar de forma cada vez mais estratégica.
“A prevenção de perdas passou por um processo onde tinha um foco mais em segurança e começou a se observar a importância em melhorar as eficiências e a produtividade com o foco em processos. Hoje ela está com o foco mais estratégico, onde entra a questão da perda ampliada. Não olhamos somente para a perda de produtos, mas sim todos os tipos de perdas que a organização pode estar tendo”, explica. Apesar das mudanças, chegam também os desafios em fazer com que as empresas enxerguem a prevenção de perdas não como um custo, mas um investimento. Além disso, também é preciso ter a habilidade de conhecer os indicadores de perdas e enxergar formas de conseguir resultados melhores.
Nessa busca, a tecnologia tem sido uma importante aliada. “A tecnologia ajuda a medir com maior precisão os números e dados a serem trabalhados para seus resultados. Primeiro a parte da tecnologia tradicional para proteção de ativos, principalmente na parte de alarmes, controles de acessos, antenas e C.F.T.V. Também na parte de inteligência de dados, através das ferramentas de BI que ajudam a identificar exceções e fazer análises preditivas. E agora inteligências artificiais na parte de transformações da imagem, obtidas pelo C.F.T.V, em dado”, pontua.
Mesmo com a importância das ferramentas tecnológicas, José garante que elas não devem substituir o trabalho humano, mas trabalhar conjuntamente com ele. A tecnologia deve a cada dia no cenário de prevenção de perdas ser um aliado indispensável, porém jamais podemos realizar um projeto de resultados prevenção de perdas sem a máquina humana. Os dois devem andar sempre de mãos juntas em uma empresa ou instituição, pois na verdade ela [tecnologia] vem para que nós possamos ter mais assertividade”.
Prevenção de perdas e demais setores
Para uma prevenção de perdas que seja efetiva, José destaca a necessidade de todos os setores da instituição trabalharem em conjunto. “Um bom programa de prevenção de perdas deve iniciar pelo dono e também pelos recursos humanos. Os bons resultados em prevenção de perdas não são exclusivamente da equipe de prevenção, mas, sim, de todos. Costumo dizer que prevenção somos todos nós”.
Futuro da prevenção de perdas
Buscando uma maior evolução, sobretudo no Nordeste, é necessário trabalhar culturalmente a mentalidade das empresas em relação a essa temática, aproveitando também para olhar os exemplos daqueles que trazem mais experiência no assunto. Para José Mendes, no Brasil o estado de São Paulo tem maior maturidade na prevenção de perdas, onde foi criado o primeiro grupo de prevenção de perdas no país. Fora do Brasil, Estados Unidos e Europa são caminhos a serem seguidos, principalmente em relação a valorização profissional e transformação digital.
“O futuro é gestão de mudanças, inteligência de dados e inteligência artificial e análise preditivas. Esses são os temas que vão guiar a prevenção de perdas”, finaliza José Mendes.